Uma mulher a medir.
Uma mulher de braços estendidos
transfere comprimentos ou
proporções.
Ela calcula
o sono desse homem que nunca
mais dormirá.
É preciso que se saiba
que tudo começa
pela ampliação
fotográfica
de uma vírgula.
Isso
tece um som,
Um afrouxar
repentino,
esse líquido ladeando uma luz
para uma fotografia
em que o cinzento predomina,
Aquilo que vês é composto
de um homem e uma mulher
justamente.
Cadeirão. Sentado a um canto.
Estás sozinho na sala, Fumas
talvez, de queixo nos joelhos.
Entras
outra vez só
num
som da rua.
Vês sombras azuis
correndo
e no visor
a carne de comer.
Palavras penduradas
em que o cinzento predomina.
A gasolina pintada a cor-de-rosa
em redor de uma casa
aflui.
O jardim arde.
Uma pedra cai
e tu não és mais pesado.
Perfila-se um fim
como depois da história de uma paixão.
Mas evita-se um sentido cinético do mundo.
E a necessidade reencontrada
do isolamento.
Também
o teu cadeirão
se não articula
com o que o autor quer dizer?
Sorris. Apreendes uma separação.
Como é que se antecipa
o gaguejar,
um sistema de coordenadas?
O mundo de um filme
de longuíssima duração
não te subtrai.
Porque
este não é o mundo
que entra nos teus olhos.
É o fim do dia. É o fim das legendas.
A escuridão não tem pó
como a mulher.
Lateralmente
o fumo ondula
semelhante
a uma pulsação.
Mais tarde.
Um cansaço no quarto e na
cama o tempo é não gerado.
*Jean Daive
sexta-feira, 23 de julho de 2010
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