Linguisticamente, a palavra árabe "jihad" significa "esforço" ou "empenho" e se aplica a todo
esforço ou empenho despendido na execução de qualquer ação. Neste sentido, um estudante
se esforça, ou se empenha, para ter o seu diploma, um empregado se esforça, ou se empenha,
em seu trabalho e mantém boas relações com o seu empregador, um político se esforça, ou se
empenha, para manter ou aumentar sua popularidade entre seus eleitores, e assim por diante.
No ocidente, "jihad" geralmente é traduzido como "guerra santa", um uso popularizado pela
mídia. De acordo com os ensinamentos islâmicos verdadeiros, não se deve estimular ou começar uma guerra. Contudo, algumas guerras são inevitáveis ou se justificam, quem é passivo ao ver sua casa e sua nação sendo invadida? Se buscarmos no árabe o termo "guerra santa" encontraremos "harbun muqaddasatu" ou "al-harbu al-muqaddasatu".
Não ha no Alcorão, ou nas coleções de Hadith, ou em qualquer outra literatura islâmica, o termo "jihad" com o significado de "guerra santa".
Infelizmente, alguns escritores muçulmanos e tradutores do Alcorão, do Hadith e da literatura
islâmica em geral, traduzem o termo "jihad" como "guerra santa", por certo devido à influência de séculos de propaganda ocidental. Muito provável isto se deva ao fato de o termo "Guerra Santa" ter sido usado primeiramente pelos cristãos para se referirem às Cruzadas. No entanto, as palavras árabes para o termo "guerra" são "harb" ou "qital", que são encontradas no Alcorão e no
Hadith.
No Corão ha versos do tipo:
"Aqueles que creram, migraram e combateram pela causa de Deus poderão esperar de Deus a misericórdia, porque Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo." (Cap. 2:218)
Mas percebam, o leque de entendimento das expresões migrar e combater é muito amplo, isso pode ter por exemplo em migrar, o sentido de uma caminhada apostólica para a divulgação da fé, e combater é muito bem entendido pelos verdadeiros estudiosos como o combate interno do homem, a luta subjetiva para ignorar "as ilusões do mundo" e se manter no caminho reto. Assim pode-se dizer, analizando pelo enfoque literal que o modelo de Deus cristão apresentado na bíblia é ainda bem mais sedento por sangue. Note-se por exemplo:
"O SENHOR é homem de guerra; o SENHOR é o seu nome". (Êxodo 15:3)
Segundo o êxodo isso foi cantado por moisés e seus companheiros do "povo de Deus" após o triunfo sobre os "infiéis" egípcios. É tudo a mesma coisa, também nesse sentido:
"Mil de cada tribo, entre todas as tribos de Israel, enviareis à guerra". (Números 31:4)
Esse versículo é tirado de mais uma narrativa sobre as contínuas tramoias entre Moisés e seu Deus para eliminar os inimigos, dessa vez os midianitas. A verdade é que o senso comum, talvez influenciado pelo egoísmo intríseco ao ser humano médio, leva-o a uma concepção tribal de divindade, dessa forma não se visa o bem da coletividade humana, mas sim o de uma comunidade em particular. A questão não é determinada pela orientação religiosa externa, mas sim pelo filtro subjetivo interno de cada um. Dessa forma sempre existirão bons e maus muçulmanos, assim como cristãos, espiritualistas, budistas, hinduítas, ateus e assim por diante. Decididamente a ação do homem é regulada pelo próprio homem.
Ps: Nos próximos posts pretendemos nos aprofundar nas questões acima, por enquanto fica esse texto para início de debate.
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