sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

VONTADE DE MORRER



Não é que não me fales aos sentidos,
A inteligência, o instinto, o coração:
Falas demais até, e com tal suasão,
Que para não te ouvir selo os ouvidos.

Não é que sinta gastos e abolidos
Força e gosto de amar, nem haja a mão,
Na dos anos penosa sucessão,
Desaprendido os jogos aprendidos.

E ainda que tudo em mim murchado houvera,
Teu olhar saberia, senão quando,
Tudo alertar em nova primavera.

Sem ambições de amor ou de poder,
Nada peço nem quero e - entre nós -, ando
Com uma grande vontade de morrer



*Manuel Bandeira

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