terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

II. OS CASTELLOS - PRIMEIRO/ULYSSES



 O Mytho é o nada que é tudo.
O mesmo sol que abre os céus
É um mytho brilhante e mudo - 
O corpo morto de Deus,
Vivo e desnudo.

Este, que aqui aportou
Foi por não ser existindo.
Sem existir nos bastou.
Por não ter vindo foi vindo
E nos creou.

Assim a lenda se escorre
A entrar na realidade
E a fecunda-la decorre.
Em baixo, a vida, metade

De nada, morre.

*Fernando Pessoa

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