Mas, lá só haviam descampados e correntes de ar.
Os Deuses foram convertidos em estátuas enferrujadas
E os homens fizeram-se em rebanho de cabras.
Tomei meu café como quem foge ou esquece,
Passei aqui e ali, e tudo era igual,
Onde estou que não me vejo?
A rua existe como caminho pavimentado,
Como existe nódoa dentro dos homens,
Como existe um andarilho em assombro.
E eu sem dormir, me meto a escrever ou pensar.
Das estreitas possibilidades, a cidade está
Dispersa como lugar em que se habita.
Das minhas largas mazelas a cidade ficou,
Semelhante a um canceroso terminal.
Como o ar esta pesado aqui, urge reinventar.
Torno ao monte remoto, aos descampados e às correntes,
Pensei ter tido um lampejo de eternidade, isto me cismou,
Era só meu estômago bradando em petição de miséria.
A comida nunca satisfaz uma alma faminta,
Mas que sei de almas?
Eu que tomo café como quem foge ou esquece.
Já sei, vou deixar que a metafísica se esvaia
No fluxo incontinente de minha urina,
Há tanto milagre acontecendo na natureza
Quanto há em um banheiro público.
Voltei à casa antiga, por mor espanto,
As traças são implacáveis
Mesmo com as memórias mais ternas.
Vou viver pra sempre ou morrer um dia, tanto faz,
A matéria sempre alimentará outros parasitas.
*Leandro M. de Oliveira
Os Deuses foram convertidos em estátuas enferrujadas
E os homens fizeram-se em rebanho de cabras.
Tomei meu café como quem foge ou esquece,
Passei aqui e ali, e tudo era igual,
Onde estou que não me vejo?
A rua existe como caminho pavimentado,
Como existe nódoa dentro dos homens,
Como existe um andarilho em assombro.
E eu sem dormir, me meto a escrever ou pensar.
Das estreitas possibilidades, a cidade está
Dispersa como lugar em que se habita.
Das minhas largas mazelas a cidade ficou,
Semelhante a um canceroso terminal.
Como o ar esta pesado aqui, urge reinventar.
Torno ao monte remoto, aos descampados e às correntes,
Pensei ter tido um lampejo de eternidade, isto me cismou,
Era só meu estômago bradando em petição de miséria.
A comida nunca satisfaz uma alma faminta,
Mas que sei de almas?
Eu que tomo café como quem foge ou esquece.
Já sei, vou deixar que a metafísica se esvaia
No fluxo incontinente de minha urina,
Há tanto milagre acontecendo na natureza
Quanto há em um banheiro público.
Voltei à casa antiga, por mor espanto,
As traças são implacáveis
Mesmo com as memórias mais ternas.
Vou viver pra sempre ou morrer um dia, tanto faz,
A matéria sempre alimentará outros parasitas.
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