sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O Caos

“O CAOS NUNCA MORREU. Bloco não-lapidado primordial, único monstro venerável, inerte e espontâneo, mais ultra-violeta do que qualquer mitologia (como as sombras frente à Babilônia), a original e indiferenciada unidade-do-ser ainda se irradia serena como as flâmulas negras dos Assassinos, aleatória & perpetuamente intoxicada. O Caos surgiu antes de todos os princípios de ordem & entropia, não é nem um deus nem um verme, seus desejos insensatos circundam & definem todas as coreografias possíveis, todos os éteres & flogistons: suas máscaras são cristalizações de seu próprio rosto inexistente, como nuvens. Tudo na natureza é perfeitamente real, incluindo a consciência; não há absolutamente nada com o que se preocupar. Não apenas os grilhões da Lei foram quebrados; eles nunca existiram: demônios nunca vigiaram as estrelas, o Império nunca se iniciou, Eros nunca deixou a barba crescer. Não, ouça, o que aconteceu foi o seguinte: eles mentiram para ti, venderam-te idéias de bem & mal, fizeram-te perder a confiança em teu próprio corpo & sentir vergonha por teus dons de profeta do caos, inventaram palavras de desprezo para teu amor molecular, te hipnotizaram com distrações, te entediaram com a civilização & todas suas emoções usurárias.
*Hakim Bey

3 comentários:

Enfim Ponto disse...

Gostei muito do seu testo... referencias mitológicas e filosóficas bem pertinentes no cenário contemporâneo.

João Mantovani/ jacj31@hotmail.com

Leandro disse...

Valeu pelo comentário João. Seja muito bem vindo!

Jader Oliveira disse...

Muito bomop texto! amei. Faça uma visita ao meu blog também. Ah!...As referências folosoficas que me lembraram um dos meus mestres, Nietzche, deram-me um ânimo maior.

Jader Oliveiras