quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Deve-se conformar?

"Como já declarei, nunca, em todos esses anos, pensei no assunto dessa forma: porém talvez seja parte da natureza de empreender uma viagem como esta, impulsionar a pessoa em direção a perspectivas novas e surpreendentes a respeito de assuntos que a pessoa julgava já esgotados há muito.
(...)
Mas qual é o sentido em estar sempre especulando o que poderia ter acontecido se uma dada ocasião tivesse um desfecho diferente? É provável que assim uma pessoa acabe perdendo o juízo. De qualquer maneira, embora seja válido falar em "momentos decisivos", certamente só se pode identificar tais momentos em retrospecto. Naturalmente, quando hoje se rememora essas ocasiões, elas podem realmente tomar a aparência de momentos cruciais e preciosos na vida da pessoa; mas na época, é claro, esta não era a impressão que se tinha.
(...)
Afinal, não se pode fazer o relógio voltar. Não se pode estar eternamente pensando no que poderia ter sido. É preciso ter consciência de que se tem uma vida tão boa quanto a maioria, talvez melhor, e sentir gratidão por isso."

*Kazuo Ishiguro in Os vestígios do dia.

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