terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Marx e o vil metal

Abaixo um texto da lavra de Karl Marx extraído de seu “manuscritos econômico-filosóficos”. O trecho citado é um manifesto sobre as impossibilidades que acompanham a falta de poder aquisitivo em uma sociedade capitalista, a subtração e a alienação de um sentido ético de comunidade frente ao apelo do domínio econômico. Marx faz o seu mergulho na alma desses tempos e nos alerta da perda das convicções profundas e da transformação do homem em um “ser-coisa”, na medida em que todos possuem seu preço e isso por sua vez orienta as escolhas do mesmo, fazendo-o prosperar ou enfrentar privações agudas. Aí vai:

"Eu, se não tenho dinheiro para viajar, não tenho necessidade alguma, isto é, nenhuma necessidade efetiva e efetivando-se de viajar. Eu, se tenho vocação para estudar, mas não tenho dinheiro algum para isso, não tenho vocação para estudar, isto é, nenhuma vocação efetiva, verdadeira. Se eu, ao contrario, não tenho vocação alguma para estudar, mas tenho a vontade e o dinheiro, tenho para isso uma vocação efetiva.

O dinheiro (enquanto exterior, não oriundo do homem enquanto homem, nem da sociedade humana enquanto sociedade), meio e capacidade universais, faz da representação efetividade e da efetividade uma pura representação, transforma igualmente as forças essenciais humanas efetivas e naturais em puras representação abstrata e, por isso, em imperfeições, angustiantes fantasias, assim como, por outro lado, transforma as efetivas e fantasias, as suas forças essenciais realmente impotentes que só existe na imaginação do indivíduo, em forças essenciais efetivas e efetiva capacidade.

Já segundo esta determinação o dinheiro é, portanto, a inversão universal da individualidade, que ele converte no seu contrário e que aos seus atributos contraditórios. Enquanto tal poder inversor, o dinheiro se apresenta também contra o indivíduo e contra os vínculos sociais etc., que pretende ser, para si, essência. Ele transforma fidelidade em infidelidade, amor em ódio, ódio em amor, a virtude em vicio, o vicio em virtude, o servo em senhor, o senhor em servo, a estupidez em entendimento, o entendimento em estupidez (...)"
*Karl Marx

Um comentário:

quem escreve disse...

Oi, a "miragem" voltou. hehehe
Você tem uma aproximação muito boa com as palavras. Parabéns.

Ah... o dinheiro... que nos consome, atiça, mata e some.

Bjão!