sábado, 4 de abril de 2009

Satélite

Fim de tarde. 
No céu plúmbeo 
A Lua baça 
Paira 
Muito cosmograficamente 
Satélite.

Desmetaforizada, 
Desmitificada, 
Despojada do velho segredo de melancolia, 
Não é agora o golfão de cismas, 
O astro dos loucos e dos enamorados. 
Mas tão-somente 
Satélite.

Ah Lua deste fim de tarde, 
Demissionária de atribuições românticas, 
Sem show para as disponibilidades sentimentais!

Fatigado de mais-valia, 
Gosto de ti assim: 
Coisa em si, 
- Satélite.

*Manuel Bandeira

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