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Ser-se humano era ser-se mutilado, amputado. O homem é incompleto. Zeus é um tirano. O Monte Olimpo é uma tirania. O trabalho da humanidade no seu estado amputado é procurar a metade que falta. E, após tantas gerações, a nossa verdadeira metade simplesmente não é encontrada. Eros é uma compensação outorgada por Zeus – provavelmente por motivos políticos próprios. E a busca pela nossa outra metade é em vão. O encontro sexual permite um temporário esquecimento de nós próprios, mas a dolorosa consciência da nossa mutilação é permanente.
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As pessoas são vencidas por fim pelos seus desejos solitários e pelo intolerável isolamento. Elas precisam da certa, da porção que falta para ficarem completas e, como em termos realistas não podem esperar encontrá-la, acabam por aceitar um substituto razoável. Reconhecendo que não podem nunca, acomodam-se. O casamento entre espíritos verdadeiros raramente ocorre. O amor que se busca a si próprio até aos limites do destino não é um projeto moderno."
*Saul Bellow in Ravelstein
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