MALATESTA, Errico
(1853-1932)
Principal pensador anarquista italiano, nasceu em 1853 no sul de Itália, filho de uma família abastada.
Desde jovem se iniciou em atividades contestatárias, que provocaram sua prisão em 1868 e a suspensão na Universidade de Nápoles, onde estudava medicina, em 1870.
Em 1871 aderiu à Associação Internacional dos Trabalhadores e no ano seguinte conheceu Bakunin por ocasião do Congresso de Saint Imier, tendo esta relação tido uma influência decisiva em toda a sua militância anarquista posterior. Juntamente com Cafiero e outros militantes, em 1877, preparou o movimento "Levante de Benevento", que se tornou legendário na luta social italiana, quando um grupo anarquista percorreu essa região do sul de Itália distribuindo armas à população e queimando os arquivos públicos, declarando o comunismo libertário. Devido à sua militância libertária passou várias vezes pelas prisões.
Na Congresso Anarquista de Londres de 1881 propôs a criação de uma Internacional Anarquista. Em 1885 exilou-se na Argentina, onde com os primeiro núcleos anarquistas desenvolveu uma ativa propaganda das idéias anarquistas, tendo publicado o jornal bilingüeQuestione Sociale. Regressou à Europa em 1889 instalando-se em França, donde teve de partir para a Inglaterra.
Tal como muitos outros militantes, também Malatesta desenvolveu atividade revolucionária em diferentes países: Egito, França, Bélgica, Argentina e Espanha são alguns dos países onde esteve.
Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial foi um dos defensores do internacionalismo contra os que defendiam - mesmo dentro do anarquismo - o envolvimento com uma das facções beligerantes.
Seu jornal Umanità Nuova tinha uma tiragem de 50.000 exemplares e era um dos animadores do anarco-sindicalismo italiano da USI.
Morreu em 22 de julho de 1932 em pleno advento do fascismo sob liberdade vigiada. Uma das principais brigadas anarquistas da resistência italiana levou o seu nome.
PARSONS, Lucy
(1853-1942)
Militante operária e anarquista americana. Segundo seu depoimento seria filha de mãe mexicana e de um índio e após ficar órfã aos três anos foi levada para um rancho do Texas onde foi criada por um tio. Alguns pesquisadores, no entanto, acreditam que Lucy era filha de escravos do Texas.
Em 1870, conheceu Albert Parsons, um ex-soldado confederal que se veio a tornar um republicano radical e mais tarde militante anarquista. Forçados a sair do Texas pelo seu casamento inter-racial foram para Chicago onde logo se ligaram aos setores revolucionários que começavam a desenvolver o movimento sindical.
A partir de 1878 Lucy colabora no jornal O Socialista, a partir daí torna-se uma escritora e agitadora com um papel decisivo na organização operária de Chicago. Em 1883 foi uma das fundadoras da International Working People's Association (IWPA), uma importante organização anarquista internacionalista e defensora da ação direta que se distinguia por defender a igualdade das mulheres e dos negros. Lucy além de militar na organização era uma colaboradora regular do seu jornal O Alarme, onde apelava à ação direta contra os ricos e os poderosos.
Muitos dos seus artigos tratavam também da questão do racismo e da discriminação defendendo a necessidade dos negros se integrar à luta social contra o capitalismo.
Em 1886 a IPWA foi uma das organizações que desencadeou a greve geral em defesa das 8 horas de trabalho no primeiro de maio, que levou aos acontecimentos da Praça Haymarket e ao famoso processo dos Mártires de Chicago em que a justiça americana condenou à morte de três conhecidos militantes operários e anarquistas, entre os quais o Albert Parsons.
Após o enforcamento do seu marido, manteve uma presença ativa no movimento operário e anarquista, participando em 1905 da fundação da confederação sindical revolucionária IWW e colaborou no jornal O Libertador. Nos anos 30, no contexto da avanço do nazi-fascismo, decidiu aderir ao Partido Comunista.
Lucy Parsons morreu no incêndio da sua casa em 1942, após meio século de intensa militância, onde se destacou como uma das mais importantes mulheres do movimento operário e anarquista americano. Seus livros e documentos pessoais foram apreendidos arbitrariamente pela polícia após o incêndio.
GOLDMAN,Emma
(1868-1940)
Anarquista russa, nascida na Província de Kovno, a 27 de junho de 1868. Em 1882 foi com seus pais para São Petersburgo.
Aos dezassete anos, influenciada pelo movimento intelectual russo no sentido de ir para o povo, tornou-se operária.
Emigrou para os Estados Unidos em 1886, instalando-se em Rochester, onde acompanhou as lutas operárias pelas 8 horas de trabalho, que provocaram o enforcamento dos quatro militantes anarquistas de Chicago em 11 de novembro de 1887. Esse fato e a relação com ativistas como Joana Grei, J. Most e Voltarine de Cleyre, levaram Emma Goldman a aderir ao anarquismo. Mudou-se para Nova York onde iniciou sua atividade militante, sendo presa várias vezes. Em 1893 cumpriu um ano de prisão.
Oradora famosa, foi uma das principais agitadoras anarquistas dos EUA, tendo sido a fundadora da importante revista libertáriaMother Earth.
Amiga e companheira de Alexander Berkman, lutou durante 14 anos pela sua libertação, o que só veio a ocorrer em 1906.
Em 1919 foi expulsa junto com Berkman e mais de duzentos revolucionários para a Rússia. Mas logo foi obrigada a abandonar esse país por discordar dos métodos autoritários dos comunistas. Viajando pela Europa e Canadá fez conferências onde denunciou a repressão que se iniciava na Rússia.
Com o começo da Revolução Espanhola, vai para Barcelona em 1936, percorrendo a Espanha em ações de agitação e apoio à causa revolucionária. Em Londres ajudou a fundar um grupo de coordenação da ajuda a Espanha.
Lutadora da causa operária, defensora dos direitos da mulher e adepta do amor livre, Emma Goldaman, deixou seus escritos espalhados por inúmeras publicações de todo o mundo. Seus principais livros são Living My Life, Anarchism and Other Essays ePuritanismo e Outros Ensaios.
Morreu em 14 de maio de 1940, aos setenta anos em Toronto, Canadá tendo sido sepultada em Chicago junto aos militantes operários assassinados no século XIX.
CLEYRE, Voltairine de
(1869-1912)
Ativa militantes e agitadora anarquista americana. Nasceu em 17 de novembro de 1869, em Michigan.
Filha de um livre pensador de origem belga – seu nome é homenagem a Voltaire – foi educada num colégio católico no Canadá, de onde fugiu.
Iniciou sua militância social como livre-pensadora, tornando-se anarquista na seqüência dos acontecimentos do Primeiro de Maio de 1886, em Chicago.
Amiga do pensador anarquista Dyer Lum e de Emma Goldman, quando esta foi processada por sua militância em 1893, Voltairine escreveu o ópusculo Em Defesa de Emma Goldman do Direito de Expropriação. Em 1897 esteve em França e na Inglaterra, conhecendo em Londres Kropotkin e o grupo editor do jornal Freedom, estabelecendo também contato com os exilados espanhóis.
Colaboradora da imprensa anarquista, principalmente da revista Mother Earth, escritora de mérito, conferencista famosa, percorreu os EUA fazendo propaganda das idéias libertárias. Muitas das traduções de obras anarquistas editadas nos EUA no final do século XIX, são de sua autoria.
Depois de vinte e cinco anos de militância, Voltairine de Cleyne morreu aos 46 anos de idade, em junho de 1912, em Chicago, devido a um ferimento resultante de uma tentativa de assassinato anos antes.
READ, Herbert
(1893-1968)
Poeta e crítico de arte anarquista, nasceu em 1893 em Yorkshire, Inglaterra de uma família de agricultores.
Foi conservador do Victoria and Albert Museum de Londres e professor de Arte na Universidade de Edimburgo, Cambridge, Liverpool, Londres e Harvard.
Aproximou-se do anarquismo a partir de leituras de Kropotkin, Bakunine, Tolstoi e Ibsen.
Seus livros Poesia e Anarquismo (1938), Educação pela Arte (1943), Arte e Alienação (1967), Filosofia do Anarquismo (1940),O meu Anarquismo (1966), explicitam a filosofia dum intelectual culto e irrecuperavelmente anarquista. Seu pacifismo e suas idéias sobre educação libertária, tornaram-no um dos autores anarquistas mais atuais.
Herbert Read gostava de afirmar: "Uma civilização que, de maneira sistemática, recusa o valor da imaginação e a destrói, está condenada a soçobrar numa barbárie cada vez mais profunda".
Morreu em 1968.
MOURA, Maria Lacerda
(1887-1945)
Professora, jornalista e escritora anarquista, nascida em Minas Gerais a 16 de maio de 1887.
Desde cedo se interessou pelo pensamento social e pelas idéias anticlericais.
Formou-se na Escola Normal de Barbacena, em 1904, começando a lecionar nessa mesmo escola. Inicia então um trabalho junto das mulheres da região, incentivando um mutirão para construção de casas populares para a população carente da cidade. Fundou a Liga Contra o Analfabetismo, e como educadora adotou a pedagogia libertária de Ferrer.
Após de mudar para São Paulo, começou a dar aulas particulares e a colaborar na imprensa operária e anarquista brasileira e internacional.
No jornal A Plebe escreveu principalmente sobre pedagogia e educação. Ativa conferencista, tratava de temas como educação, direitos da mulher, amor livre e antimilitarismo, tornando-se conhecida não só no Brasil, mas também no Uruguai e Argentina onde foi convidada por grupos anarquistas.
Em fevereiro de 1923 lançou a revista Renascença, uma publicação cultural que foi divulgada no movimento anarquista e entre setores progressistas e livre-pensadores.
Pode ser considerada uma pioneira das principais pioneiras do feminismo no Brasil e uma das poucas que se envolveu com o movimento operário e sindical.
Entre seus livros destacam-se: Em torno da educação; A Mulher Moderna e o seu papel na Sociedade Atual; Amai e não vos Multipliqueis; Han Ryner e o Amor Plural.
MONTSENY, Federica
(1905-1994)
Militante anarquista espanhola.
Nasceu em Madri filha de dois dos mais conhecidos anarquistas catalães Joan Montseny (Federico Urales) e Teresa Mané (Soledad Gustavo), fundadores em 1898 de uma das mais importantes publicações do anarquismo ibérico, a Revista Blanca.
Desde cedo Federica Montseny militou na CNT, tornando-se famosa como oradora, ao mesmo tempo que colaborava com as atividades editoriais de sua família. Em 1930, passa a viver com o também militante anarquista Germinal Esgleas.
A partir de 1936 integra o comitê regional da CNT e o comitê pninsular da FAI.
Durante a Revolução foi escolhida para integrar o Governo Republicano como ministra da saúde. Esta participação embora tenha obtido um amplo apoio do movimento, gerou polêmica e divisões entre os anarquistas. Durante o tempo em que foi ministra aprovou uma lei legalizando o aborto. Com a derrota exilou-se em França, onde esteve várias vezes presa.
Foi uma personagem central do Movimento Libertário no exílio, mantendo ao longo de toda a sua vida uma atividade militante, fazendo parte do grupo que se opôs ao frentismo e colaboracionismo político. No entanto, contraditóriamente, mereceu críticas, entre setores das Juventudes Libertárias, por se opor às tentativas de manter atividades clandestinas em Espanha, principalmente ações armadas.
Faleceu em Toulouse (França) a 14 de janeiro de 1994.
BOOKCHIN, Murray
(1921-)
Pensador e militante anarquista contemporâneo, nascido nos EUA em 1921, filho de operários de origem russa, militantes da IWW.
Depois de ter sido militante comunista, rompeu nos anos 50, com o marxismo-leninismo, influenciado pela Revolução Espanhola e pela Revolução Húngara de 1956. A partir daí, tornou-se anarquista, sendo considerado hoje um dos principais teóricos do pensamento libertário.
Ligado aos movimentos alternativos, participou das lutas dos anos 60 pelos direitos civis e contra a guerra do Vietnã. Em 1968 foi para Paris, onde acabou participando das lutas de maio.
Sua reflexão centra-se sobre a ecologia social, os problemas urbanos e a implantação de um municipalismo libertário, sendo seu primeiro livro sobre ecologia de 1962.
Foi professor da Alternative University de Nova York e fundador do Institut For Social Ecology.
Editor da revista Anarchos, Bookchin é o exemplo de intelectual independente, capaz de conciliar uma militância social com uma reflexão crítica. Entre os seus principais livros destacam-se El Anarquismo en la Sociedad de Consumo, Remaking Society, Listen, Marxist e Third Revolution.
CHOMSKY, Noam
(1928- )
Importante lingüista contemporâneo, nascido em 1928 nos EUA, filho de pais ucranianos, é também um dos mais lúcidos e críticos pensadores contemporâneos.
Desde cedo relacionou-se com círculos judeus anarco-sindicalista e ainda criança manifestou sua solidariedade com a Revolução Espanhola.
Nos anos 60, já famoso por suas pesquisas na área de linguística, envolveu-se no movimento de oposição à guerra do Vietnã.
Mesmo sendo hoje o mais citado e conhecido pensador americano, Chomsky é marginalizado pelos grandes meios de comunicação dos EUA. Não é por acaso, um dos temas que tem estado no centro de sua pesquisa nas últimas décadas, tem sido o poder manipulatório dos mass media, da grande imprensa à televisão.
Atento observador da cena internacional, Chomsky tem tido posições solidárias e críticas em todas as situações de conflito internacional, do Vietnã, à América Latina, da Palestina a Timor.
Libertário, conhecedor da história do anarquismo, Noam Chomsky afirma-se como um partidário da tradição federalista e de auto-governo. Atualmente é diretor do Departamento de Línguas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT).
Entre os seus livros mais importantes encontram-se Ilusiones Necesarias: Controle del Pensamiento en las Sociedades Democraticas, Radical Priorities, 501: A Conquista Continua e Novas e Velhas Ordens.
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