sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

FAZ SENTIDO ARGUMENTAR ACERCA DA EXISTÊNCIA DE DEUS?


PERGUNTA
Têm sido propostos muitos argumentos que visam dar suporte à proposição que afirma que Deus existe. Até agora, parece que nenhum deles foi convincente. Pensa que é possível que um argumento que conclua ‘Deus existe’ venha a ser alguma vez convincente? Se um tal argumento não puder ser convincente, não podemos inferir que não é convincente nenhum argumento que procure estabelecer a existência de Deus? Ou pensa que podemos vir a tomar conhecimento de um argumento que possa ser convincente?

RESPOSTA (de Allen Stairs)
Se por “convincente” quer dizer algo como “acima de qualquer dúvida”, a resposta é quase de certeza não. No entanto, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. A tese que afirma que Deus existe tem pelo menos em comum com as teses filosóficas em geral o fato de haver bastante margem de manobra para se argumentar a favor ou contra.
Por outro lado, se a questão é se existem argumentos para acreditar em Deus que alguém possa achar convincentes sem caír na irracionalidade, a resposta é quase de certeza sim. Mas, uma vez mais, isto não é algo exclusivo dos argumentos acerca da existência de Deus. Pense no que quer que seja em que os filósofos estejam em desacordo e verificará que alguns filósofos no seu perfeito juízo se deixam convencer por argumentos que os outros não consideram persuasivos. 
Pode alguém, razoavelmente, considerar um argumento persuasivo, mesmo tendo consciência de que este dá azo a objeções que ainda não obtiveram resposta? Se um padrão de razoabilidade é alcançável pelos seres humanos, a resposta é também sim. Em parte, isto deve-se ao fato de haver duas maneiras de encarar objeções. Uma, é pensar nelas como refutações; outra, como problemas a resolver: ‘se calhar esta questão que me atormenta vai ser fatal para as minhas convicções’; ou ‘se calhar, com algum jeito, eu ou outra pessoa, acabaremos por descobrir uma resposta convincente’. Pessoas razoáveis podem diferir, e diferem, sobre como encarar cada caso. Na verdade, o fato de os filósofos e outro gênero de teóricos diferirem quanto a isto é uma das coisas que os vai mantendo ocupados!


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