(Hamlet, Ato II, Cena 1)
Ser, ou não ser - eis a questão.
O que é mais nobre para a mente sofrer
Os dardos e setas de destino cruel
Ou pegar em armas contra um mar de desgraças
E pela resistência pôr-lhes fim? Morrer, dormir;
Nada mais? E com o sono, dizem, terminamos
O pesar do coração e os inúmeros naturais conflitos
Da carne herdados. Eis um epílogo
Devotamente desejado. Morrer, dormir.
Dormir - sonhar talvez. Eis a dificuldade.
Nesse sono da morte, que sonhos virão
Quando nos libertarmos do invólucro mortal
Devemos nos deter. Aí está a reflexão
Que dá à desventura uma vida tão longa.
Pois quem suportaria os insultos e desdéns do tempo,
A injúria do opressor, a afronta do soberbo,
As angústias do amor desprezado, a morosidade da lei,
As insolências do poder, e as humilhações
Que o mérito paciente tem do indigno,
Quando ele próprio pudesse encontrar repouso
Com uma lâmina nua?
Quem suportaria tão duras cargas,
Gemendo e suando sob uma vida penosa,
Se não fosse o temor de algo após a morte -
Região misteriosa, fronteira de onde
Nenhum viajante retornou - confundindo a vontade,
E impelindo-nos a suportar os males que nos afligem
Em vez de nos lançarmos a outras que não sabemos?
Assim nossa consciência nos faz covardes em tudo.
E assim a cor nativa de nossas resoluções
Se debilita na pálida sombra do pensamento,
E as empreitadas de maior alento e importância
Com semelhantes reflexões desviam seu curso
E perdem o nome de ação.
Hamlet’s Monologue
(Hamlet, Act II, Sc 1)
To be, or not to be - that is the question.
Wheter ’tis nobler in the mind to suffer
The slings and arrows of outrageous fortune
Or to take arms against a sea of troubles
And by oppossing end them? To die, to sleep;
No more? And by a sleep, to say we end
The heart-ache and the thousand natural shocks
That flesh is heir to. ‘Tis a consumation
Devoutly to be wished. To die, to sleep.
To sleep - perchance to dream. Ay, there’s the rub.
For in that sleep of death, what dreams may come
When we have shuffled off this mortal coil
Must give us pause. There’s the respect
That makes calamity of so long life.
For who would bear the whips and scorns of time,
Th’ opressor’s wrong, the proud man’s contumely,
The pangs of despised love, the law’s delay,
The insolen of office, and the spurns
That patient merit of th’unworthy takes,
When he himself might his quietus make
With a bare bodkin?
Who would these fardels bear,
To grunt and sweat under a weary life,
But that the dread of something after death -
The undiscovered country, form whose bourn
No traveller returns - puzzles the will,
And makes us rather bear those ills we have
Than fly to others that we know not of?
Thus conscience does make cowards of us all.
And thus the native hue of resolution
Is sicklied o’er with the pale cast of thought,
And enterprises of great pitch and moment
With this regard their currents turn awry
And lose the name of action.
*William Shakespeare
[1564 - 1616]
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