terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Cais

Não me leve aonde eu não quero ir.
Doravante não há como demover
Um tumor que sequer existiu.
Ele é o mundo inteiro do ontem,
Um grito de mãe velha no cais
À espera eterna do filho morto.
O mar dessas paragens é bravio,

A água com seu condão uterino.


Existir é sensação de ser em si,
Ser é representar-se simbolicamente,

Não há uma aventura mais onírica.
Impressão de tempo é fábula intransigente.

Nunca me perdi em coisa alguma,
Tempo não houve para a formulação,
Nasceu incriado em mim
O não lugar que eterno sou.

Pra sempre a esmo das certezas.
Marinheiro que jamais teve porto,
Beduíno perene das dunas de sal.

Escavei a consciência com os dentes,
Me descobri soterrado pelo que não é.
Que se pode oferecer aos vermes do jardim,
Senão o bolor escondido no próprio peito.

Seja um bom menino,
Dance sobre o fio de uma navalha.

*Leandro M. de Oliveira

2 comentários:

MNNNMNKNKNMNM disse...

leó amei, achei o cais q uma sabedoria e inteligencia sem igual profundo e lindo mesmo ps: tb amei a fotinha , é onde na beira do ipiranga ? parabens amigo seu blog ta muito bom !! bjus sds

Monica disse...

O não lugar que eterno sou. Pra sempre a esmo das certezas

Salve leandro !

"O CAIS" me levou a isso,

Todo sentimento poderoso provoca em nós a idéia do vazio. E a linguagem clara que impede esse vazio impede também que a poesia apareça no pensamento.
(...) Assim a verdadeira beleza nunca nos atinge diretamente. E é assim que um pôr- do- sol é belo por tudo aquilo que nos faz perder.
... (Antonin Artaud)