sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Moral como decadência; Institucionalismo como vingança dos fracos

(...) Não há absolutamente atos “desinteressados”. Os atos nos quais o indivíduo se torna infiel aos seus próprios instintos e escolhe em seu detrimento, são sinais de decadência (uma quantidade de “santos” os mais célebres estão decididos em ser decadentes, simplesmente devido a sua falta de “egoísmo”—). Os atos de amor, de “heroísmo” são de tal forma pouco “altruístas”, que são precisamente a prova dum “ego” vigoroso e abundante: os “pobres” não são livres para abandonar algo de si mesmos... estão privados também da grande intrepidez, da alegria da aventura que participa do “heroísmo”. Não é sacrificar-se que é o “fim”, mas desabrochar fins onde as conseqüências não nos inquietam, devido a confiança que temos em nós mesmos, fins que vos são indiferentes...

Psicologia dos atos que chamamos não-egoístas. — Na realidade são regulados estritamente conforme o instinto de conservação. É o caso contrário para atos que chamamos egoístas: ali o instinto diretor falta precisamente, — a consciência profunda do que é útil e prejudicial. Toda força, toda saúde, toda vitalidade, pelo fato de que aumentam a tensão, visam o instinto soberano do eu. Todo afrouxamento é decadência.

Segundo sua origem, a moral é a soma das condições de existência de uma espécie de homens pobre e malnascida. Esta pode ser o “grande número”: daí seu perigo. Nas suas aplicações é o principal meio do parasitismo dos sacerdotes, em sua luta contra os fortes, contra as afirmações da vida. — Os sacerdotes ganham o “grande número” (os humildes, os que sofrem, em todas as classes — as vítimas de toda espécie —. Uma espécie de insurreição geral contra o pequeno número dos seres bem-nascidos... (— crítica dos “reformadores”—). Em suas conseqüências, chega a falsear radicalmente, a aniquilar até as camadas de exceção. Estas terminam, para apenas poderem se sustentar em não serem verídicas, em nenhum ponto, quanto a si mesmas — a completa corrupção psicológica com o que daí se segue... (Crítica dos homens “bons”—).
*Nietzsche

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