quinta-feira, 11 de março de 2010

Eterno Retorno

E se um dia ou uma noite um demônio se esgueirasse em tua mais solitária solidão e te dissesse: "Esta vida, assim como tu vives agora e como a viveste, terás de vivê-la ainda uma vez e ainda inúmeras vezes: e não haverá nela nada de novo, cada dor e cada prazer e cada pensamento e suspiro e tudo o que há de indivisivelmente pequeno e de grande em tua vida há de te retornar, e tudo na mesma ordem e sequência - e do mesmo modo esta aranha e este luar entre as árvores, e do mesmo modo este instante e eu próprio.

A eterna ampulheta da existência será sempre virada outra vez - e tu com ela, poeirinha da poeira!". Não te lançarias ao chão e rangerias os dentes e amaldiçoarias o demônio que te falasses assim? Ou viveste alguma vez um instante descomunal, em que lhe responderías: "Tu és um deus e nunca ouvi nada mais divino!" Se esse pensamento adquirisse poder sobre ti, assim como tu és, ele te transformaria e talvez te triturasse: a pergunta diante de tudo e de cada coisa: "Quero isto ainda uma vez e inúmeras vezes?" pesaria como o mais pesado dos pesos sobre o teu agir! Ou, então, como terias de ficar de bem contigo e mesmo com a vida, para não desejar nada mais do que essa última, eterna confirmação e chancela?
*Nietzsche

3 comentários:

Monica disse...

Talvez por essa idéia...
venha essa:


1 - "Conheço a minha sina. Um dia, meu nome será ligado à lembrança de algo tremendo - de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda colisão de consciência, de uma decisão conjurada contra tudo o que até então foi acreditado, santificado, querido. Eu não sou um homem, sou dinamite." (Nietzsche - Ecce Homo)

Paula disse...

Oi Leandro, vai gostar de textos complexos. Tentei mas não consegui acompanhar o Heidegger e a Metafísica.
Este aqui gostei por dois motivo. Primeiro porque entendi :-), não me senti tão tolinha.
Segundo porque com a opção de reviver uma vida triste, vazia e sombria por toda eternidade, percebemos como um minuto de prazer faz toda diferencia em uma existência. Muito bom! Beijos, Paula

Carlos Mojito disse...

Olá, Leandro... que filme é este ?!