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Quando perguntamos a alguém por que agiu como agiu, queremos obter uma interpretação. Talvez o seu comportamento pareça estranho, alienígena, ultrajante, injustificado, mal interpretado, desconexo. Ou talvez nem consigamos mesmo reconhecer uma ação nesse comportamento. Quando compreendermos a sua razão teremos uma interpretação, uma nova descrição do que fez e que encaixará num quadro habitual. Esse quadro inclui algumas das crenças e atitudes do agente. Talvez também inclua metas, fins, princípios, traços gerais de caráter, virtudes ou vícios. Para além disto, a redescrição de uma ação proporcionada por uma razão pode situá-la num contexto de avaliação — social, econômico, linguístico — mais alargado. Compreender, mediante a compreensão da razão, que o agente concebeu a sua ação como uma mentira, o pagamento de uma dívida, um insulto, o cumprimento de uma obrigação avuncular ou um jogo de xadrez, significa apreender o desígnio da ação enquanto aplicação de regras, práticas, convenções e expectativas.
Comentários como estes, inspirados no segundo Wittgenstein, têm sido elaborados com sutileza e profundidade por um considerável número de filósofos. E não há maneira de negar que são verdadeiros: quando explicamos uma ação através da respectiva razão, redescrevêmo-la. Redescrever a ação dá à ação um lugar num certo padrão e, por este caminho, explica-se a ação.
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Um comentário:
A-d-o-r-e-i!
Vc já está linkado no meu blog,
na sessão 'mistão'.
Abraço!
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