domingo, 15 de novembro de 2009

Ao mestre com carinho

"É assim que me identifico, viajante,
arqueólogo do espaço,
procurando em vão reconstituir
o exotismo
com o auxílio de fragmentos
e de destroços"

Claude Lévi-Strauss Bruxelas, 28 de novembro de 1908 — Paris, 30 de outubro de 2009


Morreu no último dia 30 Claude Lévi-Strauss, andei me sentindo culpado por não ter citado nada a respeito desse homem que tanto fez pela formação intelectual do mundo nos últimos 50 anos. Foi antes de antropólogo, etnólogo ou pensador das gentes um devoto à causa de entender o fenômeno humano. Esse homem devolveu aos povos indígenas as suas almas, reconhecendo os mais distintos legados e legitimando-os perante nossa cultura (branca) através de teses estruturalistas (por ele inventadas) que investigaram questões capitais para a formação da psique das sociedades como a herança toteísta, à qual dedicou uma quadrilogia. Mas a obra desse pensador em verdade, talvez diga mais a nós brasileiros. Como não desfolhar “Tristes Trópicos” e ao sentir o impacto daquele olhar estrangeiro dizendo que a baía de Guanabara é feia, que a pureza do selvagem foi corrompida não parar um pouco e se perguntar? Lembro de um título lançado originalmente em 1994, “Saudades do Brasil”, onde através da observação da produção artística marajoara em cerâmica Claude propõe que esses artefatos produzidos no interior da Amazônia Brasileira são indícios de uma grandiosa civilização de tempos remotos a qual deu origem à toda cultura andina tal qual se conhece, fazendo assim um contraponto com tudo o que aprendemos até então. Essa suposição da grandeza ancestral leva-nos à redescoberta de nossa própria terra e à busca do significado profundo de nosso papel histórico nas Américas. Realmente de estremecer...
Sem mais o que acrescentar além de meus respeitos e minha reverência, deixo o fragmento de uma entrevista em vídeo onde relembra entre outras coisas sua passagem pela terra brasilis.


*Leandro M. de Oliveira

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, não sabia do falecimento dele, Tristes Trópicos foi um dos primeiros livros que li na faculdade.