segunda-feira, 24 de agosto de 2009

À caça da origem: Fragmento primeiro

E se tudo que te disseram até agora fosse só uma forma mais refinada de te manter escravo? O mundo é um lugar escuro e sozinho, vence nele o menos dependente e o mais agressivo, pensar o contrário é trair a natureza humana. O ideal cristão de caridade e temperança, não é mais que uma derrota auto-consentida do homem e um conjunto de sandices de padres. O vencedor, o ser além, deve estar alheio, deve se deixar indiferente ao mercado de indulgências que se vende a si mesmo. Até hoje tentamos (sociedade) o amor, ou pelo menos a idéia que nos introjetaram dele, e assim fracassamos em tudo. As pessoas são infelizes porque foram pudorizadas pelo inconsciente coletivo e se prostam envergonhadas ante a esfinge social, não conseguem expressar o cinismo e a revolta que teêm para com seu próximo, e a chuva caiu e ninguém se molhou... Todos querem justificar a sua vida miserável com o amor, por que não tentar o ódio? Em vez de amor, desprezo ao próximo, talvez seja essa a última instância de elevação da alma humana. A estrada mais caudalosa e a opção mais resignada. É conturbado, é duro mas, a única forma possível. Lembrai aquele homem livre que primeiro emergiu da caverna¹ ele era o único a conseguir enxergar o mundo em suas cores verdadeiras, ainda assim os ressentidos, os humilhados de si mesmo o abominaram por querer libertar-lhes de sua fustigante auto-piedade.
*Leandro M. de Oliveira
**1 – Ver Platão in a República, alegoria da caverna.

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