quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Amor condusse noi ad una morte

Quando o olhar, adivinhando a vida,
prende-se a outro olhar de criatura,
o espaço se converte na moldura,
o tempo incide incerto sem medida,


as mãos que se procuram ficam presas,
os dedos estreitados lembram garras
da ave de rapina, quando agarra
a carne de outras aves indefesas,

a pele encontra a pele e se arrepia,
oprime o peito o peito que estremece,
o rosto o outro rosto desafia,

a carne entrando a carne se consome,
suspira o corpo todo e desfalece
e triste volta a si com sede e fome.

(Paulo Mendes Campos)

Um comentário:

shintoni disse...

Leandro:
Hoje postei este belíssimo soneto lá no Duelos, ok?
Valeu mesmo!
Abração e ótimo final de semana!